A preservação do meio ambiente é a tônica da campanha nacional que o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, lançará terça-feira (23), em São Paulo, com o apoio da rede de supermercados Wal-Mart Brasil. Um dos objetivos é incentivar a substituição de sacolas plásticas, utilizando outros meios para o transporte de compras e o acondicionamento de lixo.
Os detalhes da campanha serão anunciados por Minc em entrevista coletiva após a solenidade, que será realizada no Hotel Hyatt. A secretária de Articulação Institucional do ministério, Samyra Crespo, disse à Agência Brasil que o foco é “mudar o hábito do consumidor no ponto de venda. É uma educação para o consumo consciente, para o consumo sustentável. Esse é o tema da campanha”.
Samyra afirmou que a idéia é mostrar ao consumidor quais as opções que ele tem para tomar uma atitude consciente. “Nós não vamos dizer para ele que nunca mais poderá usar uma sacola de plástico. Nós vamos dizer quais as conseqüências dos atos dele na hora em que usa sacola plástica muito além do que precisa. O nosso foco é na redução do consumo, acrescentou.
Projeto de substituição de sacolas plásticas no Rio prevê até troca por comida
O presidente do Instituto Estadual do Meio Ambiente, Luiz Firmino Martins Pereira, comemorou o projeto de lei do governo do Rio de Janeiro que prevê a substituição gradual das sacolas plásticas pelos estabelecimentos comerciais por bolsas confeccionadas com materiais mais resistentes e menos poluentes. A votação na Assembléia Legislativa (Alerj) será na quarta-feira (24).
A questão do saco plástico é emblemática hoje, disse Firmino à Agência Brasil. “O Inea opera várias ecobarreiras nos rios aqui do estado. E a quantidade de sacola plástica que é retirada mensalmente dos nossos rios é uma coisa absurda. O plástico leva mais de 400 anos para se degradar no meio ambiente”, explicou.
Associação de supermercados acha impossível troca de sacolas plásticas
Para o presidente da Associação dos Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), Aylton Fornari, a troca de sacolas plásticas é um projeto inviável para o setor. “Nós já demonstramos para o governo a impossibilidade de cumprir isso”, afirmou Fornari em entrevista à Agência Brasil.
A Asserj vai discutir o assunto na segunda-feira (22) e terça-feira com o objetivo de definir uma alternativa para apresentação ao presidente da Assembléia Legislativa (Alerj), Jorge Picciani. O presidente da Asserj destacou que os supermercados dão as sacolas plásticas gratuitamente para os clientes que, muitas vezes, levam unidades a mais, “à vontade”, para outras finalidades.
Como o projeto do governo do estado prevê a possibilidade de recompra dos sacos plásticos pelos comerciantes, Fornari disse que “vai ser um tal de levar mais sacolas para depois voltar e vender para o supermercado. Não tem o menor sentido isso. Salta aos olhos que não vai dar certo”.
Cada sacola entregue pelo consumidor teria um preço de recompra de R$ 0,03. A solução, para Fornari, seria o governo autorizar as redes a cobrarem pelos sacos distribuídos nas lojas.
Microempresas fabricam sacolas retornáveis para públicos conscientes.
Uma microempresa nacional, sediada em Guarulhos, na Grande São Paulo, se dedica desde 2006 a fabricar sacolas retornáveis para companhias brasileiras que utilizam esse produto em eventos, em substituição às sacolas plásticas. A produção mensal da empresa é de 50 mil sacolas reaproveitáveis.
O presidente da Ideia&Costura, Edizan Dias da Silva, disse que a empresa atende a redes de supermercados de menor porte com sacolas cujas características são diferenciadas pelo tecido de melhor qualidade e pelo melhor acabamento, destinadas a um público mais exigente.
“Nós percebemos que existe uma dificuldade muito grande de aceitação por parte dos comerciantes para colocar isso na frente do caixa. Porque eles querem adquirir essa sacola e ganhar dinheiro sobre a comercialização. Não existe a preocupação de eliminar a sacola plástica. Mas, de ter um item a mais na cadeia e que ganhem dinheiro com isso”, criticou.
Outra empresa nacional de pequeno porte que se dedica à fabricação de sacolas retornáveis é a RPM Confecção de Acessórios e Artigos Têxteis, localizada na capital paulista. Por meio de parcerias com organizações não governamentais ligadas ao meio ambiente, a proprietária, Rosana Damilakos, desenvolveu há dois anos a marca EcoCiente. São sacolas feitas em tecido cru ou tecidos de matéria-prima reciclável, “para lembrar a preocupação com a questão da sustentabilidade”. Outra marca da empresa, denominada EcoStyle, trabalha com o segmento da moda.
Rosana Damilakos disse que o importante não é a sacola ser de uso permanente “e, sim, a atitude da pessoa na hora de fazer a compra. Não adianta você ter uma sacola de tecido cru e, na hora de efetuar a compra, pegar uma sacolinha plástica”, argumentou. A empresa RPM é atacadista e tem 98% dos clientes entre pessoas jurídicas. Seus produtos são distribuídos desde o Acre até o Rio Grande do Sul.
A empresária afirmou, porém, que esse dado não representa uma conscientização por parte da população para a conservação do meio ambiente. “Ainda não está havendo conscientização por parte do consumidor final brasileiro. São pouquíssimos”. Ela acredita, contudo, que a tendência é de crescimento do uso de sacolas duráveis no Brasil.
Em setembro do ano passado, a Wal-Mart Brasil passou a oferecer aos clientes uma sacola reutilizável feita de algodão, ao preço de R$ 2,50 a unidade. A rede estima que 1,5 milhão de sacolas desse tipo já estão sendo usadas pelos clientes em todo o país. Em nível mundial, a Wal-Mart anunciou investimentos em sustentabilidade no valor de US$ 500 milhões, em cinco anos.
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
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