terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Carta de Repúdio da REBEA sobre Belo Monte

Nós educadores e educadoras ambientais deste país vimos por meio desta nos posicionar e manifestar, enquanto coletivo, com relação ao caso Belo Monte. Com maturidade e responsabilidade, nos posicionamos contrários a construção de Belo Monte. Salientamos que, à medida que a população brasileira seconscientiza em relação à importância da preservação socioambiental, seremos capazes de constituirmo-nos em cidadãos capazes de demandar menos energia e de redução significativa do desperdício. Podemos somar esforços e, conjugada e coletivamente, pensar num futuro sustentável para o Brasil.
A situação ambiental que vivemos vem piorando e se tornando extremamente crítica em vários pontos e setores da sociedade brasileira. A cultura do“progresso” ainda não conseguiu suplantar as desigualdades e a idéia de queo crescimento do país está necessariamente associado a sua destruição social, ambiental e étnica. Nós educadores e educadoras ambientais deste país, almejamos e trabalhamos para uma sociedade constituída em bases sustentáveis, que nos faça ter orgulho da herança e da memória que deixaremos à nossos filhos e netos.
Queremos registrar assombro e consternação diante do tamanho do impactosocial, étnico e ambiental de Belo Monte. O estrago assume proporções cataclismáticas, desnecessárias e estapafúrdias, em um momento onde o mundo pensa em soluções na direção contrária. Há o sincero risco de desestabilizara milenar harmonia do rio Xingu e suas gentes, principalmente os povos indígenas que ali aprenderam a respeitar a Terra e a viver com ela e não contra ela, como estamos fazendo com este péssimo exemplo.
Alertas contra a obra vem, no entanto, de diversos setores aos quais nos alinhamos neste momento. Entre eles estão cientistas, institutos de pesquisa e movimentos ambientalistas, indigenistas e sociais. Muitos questionam o empreendimento do ponto de vista de seus custos e benefícios e perguntam: Aquem se remetem os custos? E a quem se remetem os benefícios? .
Enquanto isso, parece que há um certo comodismo conformista por parte da sociedade brasileira. Talvez estejamos paralisados, inertes, esperando poralgo que virá impávido e infalível como Muhammed Ali. Mas alertamos, não virá. Estamos diante de nosso destino e o devemos assumir com nossas mãos, corações e mentes.
Não há limites para os desastres da ganância embutida no desenvolvimento aqualquer custo. Um desenvolvimento excludente e desigual que não pergunta: desenvolver para quem? E privilegia, muitas vezes, os mais abastados da sociedade brasileira. Por que Belo Monte? Para quem Belo Monte? São perguntas que orbitam a mente dos educadores e educadoras ambientais deste país, personagens-cidadãos da esperança. Profissionais indispensáveis para aconstrução da sociedade sustentável.
Saudações Ecofraternas
REBEA

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