sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Jovens do Projeto de Assentamento Nova Bonal fazem curso de empreendedorismo

Jovens passam a ter acesso a técnicas para aprimoramento de produção agroextrativista


Desenvolver o potencial de jovens produtores rurais que vivem no Assentamento Nova Bonal proporcionando-lhes conhecimentos para exercerem suas atividades e difundir tecnologias para a sustentabilidade agroextrativista familiar. Este é o objetivo do Curso de Formação de Jovens Empreendedores Rurais, que iniciou suas atividades no dia 9 de setembro.



O curso é de realização do Governo do Estado, Incra e Embrapa e vai capacitar aproximadamente 40 jovens que estão concluindo ou estão em fase de conclusão do ensino médio.

O Assentamento Nova Bonal concentra um número significativo de produtores familiares, com opções produtivas limitadas e pouco conhecimento técnico. Por isso, a proposta do Curso de Formação para Jovens Empreendedores é levar conhecimento teórico-prático sobre alternativas tecnológicas, voltadas para a agricultura, pecuária e floresta, além de novas idéias para o aprimoramento dos recursos produtivos existentes, pensando especialmente no melhor aproveitamento da seringueira, pupunha e da agroindústria instalada no local.

Com o projeto, vão ser construídos novos arranjos tecnológicos para o fortalecimento das oportunidades de negócios em benefício da comunidade. O curso tem previsão para término no dia 09 de dezembro, quando acontece avaliação dos alunos e sua certificação.


Curso de Educação Ambiental



Entre os módulos da capacitação, está o de Educação Ambiental, que aconteceu nos dias 16 e 17 deste mês. Primeiramente, foram ministradas teorias sobre sustentabilidade e consumo, mudanças climáticas, alternativas ao uso do fogo, Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) e Política de Valorização do Ativo Ambiental Florestal. No segundo dia de curso, os alunos foram a campo para fazer um diagnóstico da situação da comunidade quanto ao lixo e, na oportunidade, foi organizado um mutirão para limpeza e instalação de placas com frases criadas pelos próprios alunos a fim de conscientizar a comunidade do local sobre a importância da correta disposição dos resíduos.


"O grupo de jovens empreendedores capacitado será o elo de difusão e assistência técnica da localidade, permitindo a eles e aos demais assentados melhores condições para diminuir os riscos em seus empreendimentos rurais, como também melhorias socioeconômicas ambientais e de qualidade de vida das famílias que ali residem", afirma o mediador do curso de educação ambiental e técnico da Sema, Ricardo Melo.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Dia da Árvore: celebrando pelo planeta que desejamos


A conservação do meio ambiente é realidade no Acre
Igor Martins e Miriane Teles, Sismat Assessoria
O dia 21 de setembro marca o início da primavera no hemisfério sul, estação do ano em que a natureza recupera a vida que estava adormecida durante os dias frios de inverno. Apesar de nem todas as regiões do Brasil possuírem as estações específicas, instituiu-se essa data simbólica como data comemorativa ao Dia da Árvore, cerca de 30 anos atrás.



As árvores demonstram sua importância de diversas formas, sendo elas fundamentais na composição do meio ambiente e na manutenção da vida nos ecossistemas, assim como também colaboram na regulação da temperatura do planeta; protegem o solo, nascentes de rios, lagoas e lagos; são fonte de alimentação e moradia, na qual conservam a vida silvestre das matas mais fechadas até o cerrado brasileiro.



A seringueira e a castanheira
são árvores símbolos da Amazônia
Elas adquiriram fins comerciais, pois a madeira é matéria-prima na produção de vários produtos, como móveis, portas, pisos e o papel. Produtos que garantem o conforto e o progresso da cultura moderna. Como também a atividade da agricultura familiar tem mantido várias gerações e ainda hoje 70% dos alimentos das mesas das famílias brasileiras vêm pelo desenvolvimento dessa economia.

Da cultura indígena, os brasileiros herdaram um grande legado: o amor e respeito pelas árvores, como representantes maiores da riqueza natural existente nesse território. O próprio nome do país, "Brasil", vem da árvore que era levada para a Europa com o fim de produzir pigmentos de cores fortes para tingir tecidos, o Pau-Brasil.


As árvores vêm resistindo às mais diversas mudanças climáticas, renovando-se e transformando-se para poderem se adaptar a diferentes situações. Mas ainda são ameaçadas pela ação do homem. Hoje, sabe-se que ao derrubar uma árvore de forma irresponsável, não se tira apenas a vida de um vegetal, mas também diminui a qualidade de vida do homem. Por isso, o mundo desperta para a importância de se optar por um modo de viver sustentável, para que o consumo não prejudique a flora e a fauna.




Biojóias: riquezas de árvores da Amazônia


Adornos feitos com cascas de árvores, frutos secos, sementes e outros elementos extraídos da natureza já eram fabricados e utilizados freqüentemente pelas mulheres das comunidades indígenas. Com a atenção do mundo voltada à sustentabilidade, estas jóias ganharam seu espaço até mesmo em mercado europeu, alcançando elevados preços de venda e caracterizando-se como bom negócio. A estes adereços, dá-se o nome de "biojóias", termo utilizado às jóias que têm como diferencial sua matéria-prima.

Biojoias feiras com sementes de árvores amazônicas (Foto: Arquivo/Secom)


A semente da árvore jarina (Phytelephas microcarpa), por exemplo, é conhecida como marfim vegetal devido a sua dureza e cor branca. Excelente material para a fabricação de biojóias, recentemente ela se tornou uma alternativa eticamente correta para o marfim. Além dela, outros materiais freqüentemente utilizados são o buriti, a semente de açaí e a casca de côco.

A artesã Maria Narazé de Souza trabalha com a confecção e venda de biojóias há quase três anos. Ela afirma que começou com o negócio apenas para complementar a renda familiar e que hoje vive exclusivamente de seu artesanato. "Eu não sabia que ia dar tão certo assim, porque eu pensei que só a gente daqui usava. Mas eu sempre vendo peças para pessoas de Sul do país que vem ao Acre para visitar. Uma dessas compradoras, inclusive, disse que ia dar de presente uma das minhas biojóias para uma amiga que mora na Alemanha", diz.

Se para os artesãos isto se caracteriza como satisfatória fonte de renda, para muitos usuários, estes adornos carregam também um pouco da identidade cultural da região. O estudante Hildemar Lima usa as biojóias porque elas simbolizam, entre outras coisas, o modo de vida sustentável. "Para mim, estas jóias têm a cara da natureza. Eu gosto muito de usá-las, porque é a forma de demonstrar a riqueza da Amazônia e importância em preservá-la".



Lucro Sustentável


Manter a floresta de pé e ainda assim conseguir lucro: isto parecia inviável há alguns anos no estado, mas hoje é uma realidadee. O turismo ecológico é uma prática relativamente recente, mas que vem ganhando força e arrebatando turistas do mundo inteiro.

Um destes exemplos é a criação da Pousada Ecológica do Seringal Cachoeira, no município de Xapuri. Lá, os visitantes têm acesso às tradições da floresta, contato com um incontável número de árvores e animais de diversas espécies e as memórias do modo de vida dos seringais, raiz do desenvolvimento sustentável que resgata a herança de Chico Mendes.

"Sem dúvidas que o Cachoeira resgata e transmite o ar de um seringal. Lá é bonito, confortável, agradável, comida boa, bom atendimento e as trilhas são bem bacanas. E acho que é uma alternativa para turismo bacana, porque o retorno é para a comunidade", conta a fotógrafa Talita Oliveira.

Através do desenvolvimento sustentável e práticas, como o turismo ecológico, é possível garantir o desenvolvimento econômico, conciliado à preservação ambiental.



Políticas Públicas


Vive-se um momento de amadurecimento da consciência ecológica, na qual existe um compromisso com o desenvolvimento e implementação de políticas públicas voltadas para o meio ambiente.


O primeiro passo no desenvolvimento sustentável foi a criação de reservas extrativistas - área onde populações tradicionais fazem o uso responsável dos recursos naturais. As reservas extrativistas são uma conquista advinda da luta dos seringueiros pela sobrevivência na floresta e essa proposta se legitimou a partir da discussão no I Encontro Nacional de Seringueiros, em 1985


Hoje em dia existem mais técnicas e estruturas para a preservação ambiental, como as unidades de conservação, compensação ambiental, manejo florestal, Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação (REDD), assim como novos aparatos jurídicos que complementaram o Código Florestal (1965), que é o caso da lei de crimes ambientais (Lei nº 9.605 de fevereiro de 1998) e a ação dos órgãos competentes para licenciamento, monitoramento e fiscalização. Além de um grande número de organizações não governamentais.



O Acre possui como destaque a Política de Valorização do Ativo Ambiental desenvolvida pelo Governo do Estado. "O principal objetivo é manter o ativo florestal amazônico, ou seja, a árvore em pé. E na medida do possível, recuperar o passivo, que são as áreas degradadas", explica o secretário estadual de meio ambiente, Eufran Amaral. Nesse ano, o desmatamento já chegou a diminuir em 65% em relação ao ano passado



Gameleira, uma árvore de história



Árvore centenária marca história de Rio Branco (Foto: Arquivo/Secom)


A tradição conta que em fins de 1882, exploradores subiam o rio Acre e avistaram uma frondosa gameleira, na margem direita do rio, que lhes chamaram atenção e que os levou a abrir um seringal ali mesmo. E a mesma gameleira ainda se encontra ali, às margens do rio, no Segundo Distrito

Então, iniciaram a construção de barracões e, mais tarde, Maia abriria outro seringal, na margem esquerda do rio, com o nome de seringal Empresa. "Sei que aqui é onde a cidade de Rio Branco começou", afirma o morador do bairro Quinze, Adaildo Neto.

O local foi palco da luta entre revolucionários e tropas bolivianas na Revolução Acreana. Com o fim dos conflitos e a assinatura do Tratado de Petrópolis, o seringal às margens do rio foi elevado à categoria de vila, tornando-se sede do departamento do Alto Acre, e depois, a capital acreana Rio Branco.

A Gameleira, por ser uma referência histórica foi tombada como patrimônio acreano. Em 2002, o Governo do Estado restaurou e construiu sua encosta. E hoje ela é hoje um dos principais pontos turísticos da capital acreana.

Plante uma árvore!


Cumaru, angelim, sucupira, mogno, copaíba, andiroba, cedro, freijó, jacarandá, jatobá, muiratinga, pau d'arco e rica são uma parte da diversidade de espécies de árvores que compõe a floresta amazônica

Existem cerca de 4000 espécies de árvores na Amazônia. Castanheira, seringueira são exemplos de árvores valorizadas comercialmente, que existem em mata firme, além de muitas outras madeiras amazônicas que são exportadas para países como Japão, EUA e Inglaterra.

No capítulo "O Espaço Amazônico: homem e ecologia", do livro A História do Acre, de Carlos Alberto, o autor afirma que as árvores têm função importante na manutenção do equilíbrio ecológico do meio ambiente. Ele evidencia também o papel da folhagem que armazena nutrientes e quando cai no solo, o fertiliza, evitando erosões e perda de sais minerais.

Outro exemplo da função essencial das árvores é ilustrado na atuação dos técnicos do departamento de recursos hídricos da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, onde foram escolhidos igarapés para a recuperação de suas matas ciliares. As matas ciliares funcionam como filtros, retendo poluentes e sedimentos que seriam transportados para os cursos d'água, o que afetaria a sua quantidade e a qualidade da água.

No Acre, projetos como "Adote uma árvore" são estratégias utilizadas por organizações sociais e poder público para prática da defesa e preservação do meio ambiente. No Brasil, projetos similares são desenvolvidos dentro da política nacional brasileira de proteção aos recursos naturais. O objetivo é sensibilizar a sociedade para a importância de cultivar uma cidade arborizada e de manter a preservação da floresta, onde cada um faça sua parte.

O orgulho de estar na Amazônia e lutar por ela



Viver na floresta, da floresta e com a floresta
Igor Martins e Miriane Teles, Sismat Assessoria

Diversas têm sido as manifestações da natureza em resposta às desenfreadas ações humanas ao meio ambiente. As mudanças bruscas no clima e na temperatura que ganham o foco dos debates e pesquisas em todo o mundo, por exemplo, são alguns dos resultados mais visíveis desses impactos. O cenário de incertezas desperta dúvidas, mas também algumas respostas: algo está errado e a humanidade não está acima da natureza, mas deve ser vista como parte integrante e dependente dela. Em cima disso, instituições públicas e sociedade civil se voltaram para a questão ambiental com mais dedicação e seriedade, para que a velha concepção de que a natureza é um bem com recursos inesgotáveis dê lugar a um modo de vida sustentável.


Poucos lugares no mundo sobreviveram a esse processo de transição, principalmente os locais onde se desenvolveram as primeiras civilizações capitalistas, que captavam recursos primários sem prever as consequências e acabaram por perder boa parte de seus bens naturais. Foi então que o mundo despertou para uma região pouco explorada, onde se encontra a maior região florestal e hidrográfica do mundo: a Amazônia.

Cerca de 60% da Amazônia se encontra em domínio brasileiro e compreendem os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e pequena parte do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. Dentro do país, ocupa 49,29% do território, sendo o maior bioma terrestre brasileiro. Considerando estes números, é notória a importância da Amazônia para o Brasil

Por ser parte integrante da Amazônia, o Acre, através de seus segmentos políticos e sociais, expressa sua preocupação em preservá-la, com a criação de políticas, programas e projetos que intervenham positivamente na vida das suas comunidades e ao meio ambiente. O estado se propõe aplicar às suas políticas públicas o modo de viver sustentável, que se fundamenta no desenvolvimento social e econômico, de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e o meio ambiente. Isso torna possível a melhoria na qualidade de vida na Amazônia, priorizando a inclusão social, a dignidade humana, sem esquecer os princípios de sustentabilidade.

Fábrica de preservativos Natex: exemplo de
política social e ambiental
(Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Uma das contribuições acreanas à proteção de valores ideológicos da Amazônia é a criação do termo florestania, resultado da junção de floresta com o conceito de cidadania. Ao contrário do que pode parecer, o seu conceito não está diretamente ligado à vida na floresta, com bioma virgem, fechado e pronto para exploração humana. Baseia-se, sim, numa forma de vida tradicional, em equilíbrio com os sistemas da natureza existentes.

As comemorações em alusão ao Dia da Amazônia, comemorado neste 5 de setembro, se estendem por todo este mês nos municípios acreanos. A programação conta com atividades propostas por várias secretarias de Governo: Meio Ambiente, Departamento de Águas e Saneamento, Procuradoria Geral, Ministério Público, Secretaria de Saúde, Secretaria de Educação, Florestas, Deracre, Fundação de Cultura, Iteracre, Extrativismo e produção familiar; em parceria as prefeituras municipais e órgãos federais, como a Universidade Federal do Acre, Embrapa, MPF, Ibama; além da Organização Não Governamental Pesacre.


Dia 5 de setembro: Dia da Amazônia

Parece irônico o Dia da Amazônia ser em setembro, porque é o período de estiagem e costuma ser a época que mais se realizam queimadas", comenta o técnico do Imac, Elisson Magalhães.

Não em 2009! Este ano tem chuvas em setembro. Foram proibidas as licenças para queimadas. Estão sendo consolidadas alternativas ao fogo. Fortificada a Política de Valorização do Ativo Ambiental, para que cada vez mais seja valorizada a floresta em pé. E isso é comprovado pela queda do desmatamento registrado. Programas de certificação e pagamento por serviços ambientais que incentivam a restauração do meio ambiente.

O Governo fortalece as gestões municipais com o zoneamento ecológico econômico municipal que detalha melhor o estado e suas necessidades. Estão sendo implantados conselhos municipais de meio ambiente para empoderamento da discussão e busca de opções que atendam as particularidades de cada local. Outra prioridade de gestão pública ambiental é a regularização fundiária e diagnósticos que dão estruturas para levar serviços básicos à comunidades como educação, saúde e assistência social.


"Todos os governadores da Amazônia estão integrados e buscam nas suas políticas consolidar alternativas para o desenvolvimento sustentável. Temos feito ações que são referências não só para a Amazônia brasileira, mas para o mundo. Hoje estamos trabalhando uma estratégia para gestão territorial que consegue chegar em cada comunidade, pequenos trabalhadores, índios, seringueiros, grandes produtores, todos trabalham integrados na busca de recuperar áreas degradadas e dar valor a floresta. Temos trabalhado também nas cidades para melhores condições e garantia de produtividade" afirma o Secretario Estadual de Meio Ambiente, Eufran Amaral.


As parcerias fortalecidas pelo Governo do Estado promovem a recuperação de igarapés, nascentes e mata ciliar; e reafirmam o compromisso com a gestão integrada para os resíduos sólidos, a educação ambiental e a formação de agentes ambientais, a preocupação com a Redução na Emissão de Desmatamentos e Degradação (REDD) e o uso de tecnologias para a proteção da natureza com satélite, softwares, GPS e mapeamento


A origem da comemoração em 5 de setembro marca a data em que D.Pedro II criou a Província do Amazonas, em 1850, separando a região da então Província do Pará. "Mas hoje é uma data que significa o que temos, o que somos e a ideologia do que representamos", conceitua o técnico da Sema, Adriano Santos.


O imaginário sobre a Amazônia

"O homem, ali, é ainda um intruso impertinente. Chegou sem ser esperado nem querido - quando a natureza ainda estava arrumando o seu mais vasto e luxuoso salão. E encontrou uma opulenta desordem... Os mesmos rios ainda não se firmaram nos leitos; parecem tatear uma situação de equilíbrio derivando, divagantes, em meandros instáveis, contorcidos sem ‘sacados', cujos istmos a reveses se rompem e se soldam numa desesperadora formação de ilhas e de lagos de seis meses, e até criando formas topográficas novas em que estes dois aspectos se confundem"
Para quem vive da
floresta, esta é a sua casa,
o seu patrimônio
(Foto: Gleilson Miranda/Secom)


Euclides da Cunha por ser um homem estudado, veio em uma campanha diplomática para a Amazônia. Foi nomeado em 1904 como Chefe da Comissão do Alto Purus. Sua missão era fixar os limites da fronteira do Brasil com o Peru. Além desse intuito oficial, o chanceler tinha a expectativa de que através desse cargo fosse produzida uma obra literária que narrasse o contato de Euclides com a ‘selva'. O livro seria intitulado "Um Paraíso Perdido", que foi publicado postumamente, que conta suas impressões e percepções nessa "terra sem história".


Isso retrata um imaginário que existe desde aquela época, como especifica o autor "um olhar estrangeiro" pelos muitos brasileiros que defrontavam o desconhecido. A maioria dos que se deslocaram para a Amazônia em busca de oportunidades de vida pela exploração da floresta, como os seringueiros. E para isso vinham sozinhos e se embrenhavam nessas matas.


E aqui se tornou o local da Mãe da Mata, do Mapinguari, do Curupira e da Caipora. "Aprendi que essas lendas eram inventadas pelos seringueiros, era fruto do medo de viver na floresta, assim como da esperteza para driblar os coronéis de barranco", conta o universitário Tiago Teles.

O Acre era um território, por isso tem é um estado brasileiro recente. Ele foi palco e tema de uma minissérie da TV Globo denominada: Amazônia, de Galvez a Chico Mendes, onde parte da história e mitos foram representados. E como na vida da personagem Delzuite, conta a jornalista Nívea Carvalho: "Eu tenho uma tia que ela quase foi embora no rio, encantada pelo boto".

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Pré Sal


Em tempos de pré-sal…

Da Folha de S.Paulo

Com um ano e dois meses de atraso, o presidente Lula vai anunciar o veto à expansão das plantações numa área de 4,6 milhões de quilômetros quadrados -mais da metade do território nacional- e em regiões que mantenham a vegetação nativa no restante do país. Essas serão as principais medidas do “selo verde” que quer imprimir ao projeto do álcool combustível, escanteado devido à prioridade ao pré-sal.


Em discurso na sede da União Europeia, em Bruxelas, em julho de 2007, Lula afirmou que o biocombustível brasileiro não aumentaria o desmatamento nem avançaria sobre a produção de alimentos. Desde então, esse compromisso ficou limitado às palavras.


Com exceção das nove usinas que operam na Amazônia e na área do entorno do Pantanal mato-grossense, novos empreendimento serão proibidos nessas regiões, segundo a proposta. O projeto estimulará novas plantações de cana em áreas de pastagens degradadas.


A expectativa de governo e produtores é duplicar a área de cerca de 7 milhões de hectares (ou 70 mil quilômetros quadrados) de cultivo até 2017. Objeto de longa e acirrada disputa no governo, as regras do zoneamento da cana correm o risco de serem alteradas no Congresso antes de entrarem em vigor.


Aos ministros, Lula anunciou que não podia comprometer a estratégia do álcool “verde” para atender aos interesses de produtores rurais do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, aliados do ministro Reinhold Stephanes (Agricultura).


Mas, ao optar por um projeto de lei -e não por medida provisória-, Lula abriu caminho para novo “round” entre o agronegócio e os ambientalistas.


O anúncio do zoneamento da cana está confirmado para o dia 17. O evento terá 300 convidados. Integrantes do governo reconhecem no ato comandado por Lula uma resposta à movimentação da pré-candidata ao Planalto Marina Silva (PV).


O compromisso com o biocombustível verde extrapola, porém, o debate político interno. Tem a ver com a imagem internacional e com a possibilidade de barreiras não-tarifárias à venda do álcool no exterior.


Essa preocupação foi exposta em carta a Lula pelo presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Marcos Jank. A carta registra que “percepções errôneas sobre a correlação entre biocombustíveis e desmatamento ainda persistem” e pede a definição breve das regras.

Pré-sal deve financiar energia sustentável

Pré-sal deve financiar energia sustentável
Recursos da camada pré-sal deveriam financiar pesquisa por fontes alternativas e sustentáveis, dizem movimentos sociais e sindical. A revisão do papel da Petrobrás na América Latina também é tema do sexto programa da série especial.


Buscar novas fontes energéticas para preservar o meio ambiente, respeitar as comunidades rurais impactadas pelas atividades de extração do petróleo, além de repensar o papel imperialista que a Petrobras cumpre nos países vizinhos estão entre os temas levantados pela campanha “O petróleo tem que ser nosso”.


A matriz energética baseada na queima de combustíveis fósseis causa um grave impacto no planeta. É o caso das fontes não renováveis, como o petróleo, gás e carvão. Desde 2007, 2,5 mil cientistas de quase 200 países avaliam que, devido à emissão de gás carbônico na atmosfera, a temperatura do planeta terra aumentou em quase um grau. As consequências são graves: até 2030, seriam necessários dois planetas terra para suportar a poluição decorrente da queima, principalmente dos hidrocarbonetos. No atual ritmo de destruição da Amazônia, a temperatura na região pode subir seis graus até 2070.


Por conta disso, na definição do integrante da central Intersindical, Anderson Mancuso, estamos em uma corrida contra o relógio. Para ele, é importante, entre as bandeiras da campanha, o desenvolvimento de fontes energéticas renováveis.


“Porque ela [a bandeira] aumenta o objetivo da luta. Além de assegurar o controle social da produção do petróleo pela população, ela engloba aspectos que envolvem diretamente a continuidade da vida da humanidade no planeta. Isso passa necessariamente pela busca de novas alternativas energéticas limpas e seguras que vão além do petróleo. Nisso entraria outras matrizes, como a eólica e a solar, que até estão sendo boicotadas.”


De acordo com especialistas, o petróleo ainda permanece como a mais importante base energética do planeta, responsável por metade da energia queimada, quadro que deve se estender por mais 30 anos. De olho nas gerações futuras, desde já as organizações sociais defendem que os recursos do petróleo da camada pré-sal sejam investidos em novas matrizes. São exemplos disso a energia solar, a energia que vem dos ventos, dos mares e a energia a partir dos alimentos. Esta última, porém, deve ser gerada em cultivos sob controle dos pequenos agricultores, atendendo à sua necessidade.


Neste sentido, na leitura do integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Joceli Andrioli, o atual modelo de produção de energia deve ser modificado, pois, atualmente, favorece aos interesses privados e não à necessidade do povo. No caso da energia elétrica, no Brasil, 665 grandes empresas consomem 30% da energia produzida.


“O modelo energético está totalmente voltado às formas que destroem o meio ambiente e que garantem uma lógica da exploração do trabalho e das pessoas. A riqueza não é distribuída, fica concentrada nas mãos das empresas privadas e de alguns centros econômicos. Achamos que deve haver uma mudança do modelo social. Na medida em que tiver um novo princípio de organizar a vida humana, haverá também técnicas mais justas ambientalmente a serviço do ser humano.”


A campanha “O Petróleo tem que ser nosso” lança um olhar crítico sobre o papel que a empresa Petrobras tem desempenhado em outros países do mundo, considerado o de uma empresa transnacional. Na Bolívia, a Petrobras explora o último recurso do país – que já teve recursos como o estanho e o cobre praticamente roubados. A empresa brasileira é responsável por 15% do Produto Interno Bruto (PIB) dos bolivianos. No Equador, no Paraguai e em 27 países, esta triste história se repete.


Na avaliação de Andrioli, a ótica da campanha e do movimento popular é outra.


“Nós sabemos que a Petrobras assume um papel imperialista na America Latina e tem uma postura de empresa privada que busca lucro acima de tudo. Essa forma destrói o meio ambiente, causa exploração dos trabalhadores e prejudica a soberania dos países. Temos que ter uma empresa sob o controle dos trabalhadores, popular e que esteja a serviço da causa popular. Para termos essa empresa, temos que quebrar essa postura de multinacional exploradora de recursos e das populações.”


A única forma de manter os bens naturais é planejar a indústria pensando no bem-estar do povo e na soberania do país, avalia o Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB).


Fonte: Agência Chasque

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