segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Dia da Árvore: celebrando pelo planeta que desejamos


A conservação do meio ambiente é realidade no Acre
Igor Martins e Miriane Teles, Sismat Assessoria
O dia 21 de setembro marca o início da primavera no hemisfério sul, estação do ano em que a natureza recupera a vida que estava adormecida durante os dias frios de inverno. Apesar de nem todas as regiões do Brasil possuírem as estações específicas, instituiu-se essa data simbólica como data comemorativa ao Dia da Árvore, cerca de 30 anos atrás.



As árvores demonstram sua importância de diversas formas, sendo elas fundamentais na composição do meio ambiente e na manutenção da vida nos ecossistemas, assim como também colaboram na regulação da temperatura do planeta; protegem o solo, nascentes de rios, lagoas e lagos; são fonte de alimentação e moradia, na qual conservam a vida silvestre das matas mais fechadas até o cerrado brasileiro.



A seringueira e a castanheira
são árvores símbolos da Amazônia
Elas adquiriram fins comerciais, pois a madeira é matéria-prima na produção de vários produtos, como móveis, portas, pisos e o papel. Produtos que garantem o conforto e o progresso da cultura moderna. Como também a atividade da agricultura familiar tem mantido várias gerações e ainda hoje 70% dos alimentos das mesas das famílias brasileiras vêm pelo desenvolvimento dessa economia.

Da cultura indígena, os brasileiros herdaram um grande legado: o amor e respeito pelas árvores, como representantes maiores da riqueza natural existente nesse território. O próprio nome do país, "Brasil", vem da árvore que era levada para a Europa com o fim de produzir pigmentos de cores fortes para tingir tecidos, o Pau-Brasil.


As árvores vêm resistindo às mais diversas mudanças climáticas, renovando-se e transformando-se para poderem se adaptar a diferentes situações. Mas ainda são ameaçadas pela ação do homem. Hoje, sabe-se que ao derrubar uma árvore de forma irresponsável, não se tira apenas a vida de um vegetal, mas também diminui a qualidade de vida do homem. Por isso, o mundo desperta para a importância de se optar por um modo de viver sustentável, para que o consumo não prejudique a flora e a fauna.




Biojóias: riquezas de árvores da Amazônia


Adornos feitos com cascas de árvores, frutos secos, sementes e outros elementos extraídos da natureza já eram fabricados e utilizados freqüentemente pelas mulheres das comunidades indígenas. Com a atenção do mundo voltada à sustentabilidade, estas jóias ganharam seu espaço até mesmo em mercado europeu, alcançando elevados preços de venda e caracterizando-se como bom negócio. A estes adereços, dá-se o nome de "biojóias", termo utilizado às jóias que têm como diferencial sua matéria-prima.

Biojoias feiras com sementes de árvores amazônicas (Foto: Arquivo/Secom)


A semente da árvore jarina (Phytelephas microcarpa), por exemplo, é conhecida como marfim vegetal devido a sua dureza e cor branca. Excelente material para a fabricação de biojóias, recentemente ela se tornou uma alternativa eticamente correta para o marfim. Além dela, outros materiais freqüentemente utilizados são o buriti, a semente de açaí e a casca de côco.

A artesã Maria Narazé de Souza trabalha com a confecção e venda de biojóias há quase três anos. Ela afirma que começou com o negócio apenas para complementar a renda familiar e que hoje vive exclusivamente de seu artesanato. "Eu não sabia que ia dar tão certo assim, porque eu pensei que só a gente daqui usava. Mas eu sempre vendo peças para pessoas de Sul do país que vem ao Acre para visitar. Uma dessas compradoras, inclusive, disse que ia dar de presente uma das minhas biojóias para uma amiga que mora na Alemanha", diz.

Se para os artesãos isto se caracteriza como satisfatória fonte de renda, para muitos usuários, estes adornos carregam também um pouco da identidade cultural da região. O estudante Hildemar Lima usa as biojóias porque elas simbolizam, entre outras coisas, o modo de vida sustentável. "Para mim, estas jóias têm a cara da natureza. Eu gosto muito de usá-las, porque é a forma de demonstrar a riqueza da Amazônia e importância em preservá-la".



Lucro Sustentável


Manter a floresta de pé e ainda assim conseguir lucro: isto parecia inviável há alguns anos no estado, mas hoje é uma realidadee. O turismo ecológico é uma prática relativamente recente, mas que vem ganhando força e arrebatando turistas do mundo inteiro.

Um destes exemplos é a criação da Pousada Ecológica do Seringal Cachoeira, no município de Xapuri. Lá, os visitantes têm acesso às tradições da floresta, contato com um incontável número de árvores e animais de diversas espécies e as memórias do modo de vida dos seringais, raiz do desenvolvimento sustentável que resgata a herança de Chico Mendes.

"Sem dúvidas que o Cachoeira resgata e transmite o ar de um seringal. Lá é bonito, confortável, agradável, comida boa, bom atendimento e as trilhas são bem bacanas. E acho que é uma alternativa para turismo bacana, porque o retorno é para a comunidade", conta a fotógrafa Talita Oliveira.

Através do desenvolvimento sustentável e práticas, como o turismo ecológico, é possível garantir o desenvolvimento econômico, conciliado à preservação ambiental.



Políticas Públicas


Vive-se um momento de amadurecimento da consciência ecológica, na qual existe um compromisso com o desenvolvimento e implementação de políticas públicas voltadas para o meio ambiente.


O primeiro passo no desenvolvimento sustentável foi a criação de reservas extrativistas - área onde populações tradicionais fazem o uso responsável dos recursos naturais. As reservas extrativistas são uma conquista advinda da luta dos seringueiros pela sobrevivência na floresta e essa proposta se legitimou a partir da discussão no I Encontro Nacional de Seringueiros, em 1985


Hoje em dia existem mais técnicas e estruturas para a preservação ambiental, como as unidades de conservação, compensação ambiental, manejo florestal, Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação (REDD), assim como novos aparatos jurídicos que complementaram o Código Florestal (1965), que é o caso da lei de crimes ambientais (Lei nº 9.605 de fevereiro de 1998) e a ação dos órgãos competentes para licenciamento, monitoramento e fiscalização. Além de um grande número de organizações não governamentais.



O Acre possui como destaque a Política de Valorização do Ativo Ambiental desenvolvida pelo Governo do Estado. "O principal objetivo é manter o ativo florestal amazônico, ou seja, a árvore em pé. E na medida do possível, recuperar o passivo, que são as áreas degradadas", explica o secretário estadual de meio ambiente, Eufran Amaral. Nesse ano, o desmatamento já chegou a diminuir em 65% em relação ao ano passado



Gameleira, uma árvore de história



Árvore centenária marca história de Rio Branco (Foto: Arquivo/Secom)


A tradição conta que em fins de 1882, exploradores subiam o rio Acre e avistaram uma frondosa gameleira, na margem direita do rio, que lhes chamaram atenção e que os levou a abrir um seringal ali mesmo. E a mesma gameleira ainda se encontra ali, às margens do rio, no Segundo Distrito

Então, iniciaram a construção de barracões e, mais tarde, Maia abriria outro seringal, na margem esquerda do rio, com o nome de seringal Empresa. "Sei que aqui é onde a cidade de Rio Branco começou", afirma o morador do bairro Quinze, Adaildo Neto.

O local foi palco da luta entre revolucionários e tropas bolivianas na Revolução Acreana. Com o fim dos conflitos e a assinatura do Tratado de Petrópolis, o seringal às margens do rio foi elevado à categoria de vila, tornando-se sede do departamento do Alto Acre, e depois, a capital acreana Rio Branco.

A Gameleira, por ser uma referência histórica foi tombada como patrimônio acreano. Em 2002, o Governo do Estado restaurou e construiu sua encosta. E hoje ela é hoje um dos principais pontos turísticos da capital acreana.

Plante uma árvore!


Cumaru, angelim, sucupira, mogno, copaíba, andiroba, cedro, freijó, jacarandá, jatobá, muiratinga, pau d'arco e rica são uma parte da diversidade de espécies de árvores que compõe a floresta amazônica

Existem cerca de 4000 espécies de árvores na Amazônia. Castanheira, seringueira são exemplos de árvores valorizadas comercialmente, que existem em mata firme, além de muitas outras madeiras amazônicas que são exportadas para países como Japão, EUA e Inglaterra.

No capítulo "O Espaço Amazônico: homem e ecologia", do livro A História do Acre, de Carlos Alberto, o autor afirma que as árvores têm função importante na manutenção do equilíbrio ecológico do meio ambiente. Ele evidencia também o papel da folhagem que armazena nutrientes e quando cai no solo, o fertiliza, evitando erosões e perda de sais minerais.

Outro exemplo da função essencial das árvores é ilustrado na atuação dos técnicos do departamento de recursos hídricos da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, onde foram escolhidos igarapés para a recuperação de suas matas ciliares. As matas ciliares funcionam como filtros, retendo poluentes e sedimentos que seriam transportados para os cursos d'água, o que afetaria a sua quantidade e a qualidade da água.

No Acre, projetos como "Adote uma árvore" são estratégias utilizadas por organizações sociais e poder público para prática da defesa e preservação do meio ambiente. No Brasil, projetos similares são desenvolvidos dentro da política nacional brasileira de proteção aos recursos naturais. O objetivo é sensibilizar a sociedade para a importância de cultivar uma cidade arborizada e de manter a preservação da floresta, onde cada um faça sua parte.

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