sexta-feira, 30 de abril de 2010

Novo destino para o plástico de Rio Branco

Por Tânia Façanha


Reciclagem é um termo muito utilizado quando se trata da questão ambiental, primeiro que reciclar significa poupar os recursos naturais da extração desenfreada exigida pelo mercado consumidor.

A reciclagem além de contribuir com a natureza, também é uma atividade econômica ecologicamente correta. Um dos materiais que faz parte do nosso dia-a-dia passível de reciclagem é o Plástico. Basta andar pelas ruas ou as margens dos igarapés de Rio Branco para constatarmos a grande quantidade de plástico, nas suas mais diversas formas, descartados de forma incorreta.

O plástico também compõe uma quantidade significativa do lixo depositado na célula de disposição final da Unidade de Tratamento e disposição de Resíduos Sólidos de Rio Branco – UTRE, o que dificulta a compactação e prejudica a decomposição dos materiais biologicamente degradáveis, pois criam camadas impermeáveis que afetam as trocas de líquidos e gases gerados no processo de biodegradação da matéria orgânica.

Todos esses prejuízos podem ser minimizados ou até mesmo evitados com a prática da coleta seletiva, que consiste na separação dos resíduos ainda nos domicílios pelo próprio gerador। A separação é simples basta utilizar dois recipientes um para o lixo seco (reciclável) e outro para o lixo orgânico

A Prefeitura de Rio Branco vem implantação gradativamente à coleta seletiva nos bairros de Rio Branco desde 2005, que visa, além de diminuir a quantidade de resíduos destinada à UTRE, melhorar a qualidade ambiental da cidade. Além disso, fortalece a cadeia produtiva da reciclagem fomentando iniciativas de economia solidária, como é o caso da Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis e Reutilizáveis do Acre - CATAR, e apóia empresas de reciclagem como a Plasacre, que é a primeira empresa do gênero a se instalar no Estado utilizando o plástico reciclado como matéria prima para a fabricação de utensílios diversos como capacetes, conduítes, embalagens plásticas, baldes e canos que já estão sendo produzidos.

A empresa recebeu o apoio do Governo do Estado, da Prefeitura de Rio Branco e da Secretaria de Estado de desenvolvimento, Ciência e Tecnologia - SDCT, para se instalar em Rio Branco. E firmou parceria de exclusividade no fornecimento com o CATAR para o fornecimento do plástico, em contra partida forneceu duas máquinas que farão a trituração ou moagem do produto. Assim o CATAR faz a coleta, seleção, limpeza e moagem do plástico agregando valor ao material que será vendido para a indústria. A parceria com a Plasacre garante aos catadores um melhor preço para a matéria prima, uma vez que, o valor de mercado do plástico não beneficiado é de apenas R$ 0,25 o quilo, e o produto estando triturado passa a valer R$ 0,80 o kg

Alem da geração de emprego e renda, outro benefício alcançado com cadeia produtiva de reciclagem do plástico consiste no fato da empresa visar o comércio local e, como toda a matéria prima terá origem também local facilitando o processo de fabricação do produto final, o resultado são produtos com preços acessíveis para a população। Ressaltando ainda os benefícios gerados ao meio ambiente considerando que segundo o IBGE a reciclagem do plástico economiza até 90% de energia e a cada 100 toneladas de plástico reciclado evita a extração de uma tonelada de petróleo।

Para que a cadeia da reciclagem em Rio Branco se complete é fundamental que a população adquira o hábito de separar o lixo em casa. A reciclagem gera renda pela comercialização e é uma forma concreta do cidadão contribuir com o meio ambiente.


quinta-feira, 29 de abril de 2010

Objetivos da Rede

     O objetivo da RAEA é o fortalecimento das atividades em EA desenvolvidas por instituições, ONGs e especialistas que atuam no Estado, através do intercâmbios das ações, facilitando a articulação com outras redes.

    Pretende-se com a estruturação da Rede Acreana de Educação Ambiental facilitar a comunicação entre os educadores(as) ambientais e, destes(as), com a comunidade em geral.
LEI nº 9.034: Dispõe sobre o Plano Estadual de Recursos Hídricos - PERH, a ser implantado no período 1994 e 1995, em conformidade com a Lei nº 7.663, de 30 de dezembro de 1991, que instituiu normas de orientação à Política Estadual de Recursos Hídricos

Lei 9795: Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental.

Decreto nº 4.281, de 25 de JUNHO de 2002: Regulamenta a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental.

Carta da terra

Decreto nº 4.281, de 25 de JUNHO de 2002

Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global
"Os países e as organizações internacionais, entre eles os órgãos e organizações do sistema das Nações Unidas e as organizações não governamentais, devem explorar várias iniciativas de estabelecimento de ligações eletrônicas para apoiar o intercâmbio de informações, facilitar a informação para satisfazer seus objetivos mais amplos. Quando necessário, deve-se desenvolver tecnologia nova e incentivar sua utilização para permitir a participação daqueles que na atualidade não têm acesso à infra-estrutura e aos métodos existentes".

Durante a ECO-92, teve início um processo de articulação entre pessoas e instituições atuantes na área ambiental, que deu origem à Rede Brasileira de Educação Ambiental - REBEA.

Desde então, uma série de Encontros e Fóruns foram organizados com o intuito de difundir conceitos, trocar experiências, aprofundar a discussão de assuntos relativos ao tema e ampliar a participação e articulação da Rede.

Deste processo, nasceram várias propostas de organização de redes locais, como, por exemplo, a Rede Acreana de Educação Ambiental – RAEA.

O que é a Rede Acreana de Educação Ambiental


 
A Rede Acreana de Educação Ambiental – RAEA é um movimento de articulação entre educadores(as) ligados à Educação Ambiental no Estado do Acre. É constituída por elos (pessoas e/ou instituições) organizados localmente, que atuam virtualmente e participam presencialmente das assembléias, encontros e discussões da RAEA, assim como de sua gestão.

A Rede Acreana não possui formalização jurídica e sua Secretaria Executiva é responsável pelo planejamento e execução das ações pretendidas e sobretudo pela intermediação entre os participantes.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Acre lança bola de látex na Itália


Bola produzida com látex extraído da Resex Chico Mendes é considerada socialmente justa, ambientalmente sustentável e ecologicamente correta


Os produtos regionais da Amazônia têm despertado bastante interesse por parte do público que visita a 74ª Mostra Internazionale dell´Artigianato, em Firenze, na Itália. A grande novidade da feira é a bola ecológica feita de látex, a partir da extração na reserva extrativista Chico Mendes e lançada na Itália pela cooperativa acreana, que representa 170 artesãos e grupos de artesãos do Estado do Acre. Segundo o Secretário Estadual de Esporte, Turismo e Lazer do Acre, Cassiano Marques Oliveira, esta é uma bola socialmente justa, ambientalmente sustentável e ecologicamente correta, além de ser reciclável. A cooperativa também trouxe para exposição outros produtos de origem florestal: madeira, sementes, fibras e borracha.
http://www.agencia.ac.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=12480&Itemid=26

REDES SÃO AMBIENTES DE INTERAÇÃO, NÃO DE PARTICIPAÇÃO

Temos afirmado que redes sociais são ambientes de interação, não de participação.

A afirmação é válida, claro, para redes distribuídas, quer dizer, mais distribuídas do que centralizadas. Quanto mais distribuída for a topologia de uma rede, mais ela poderá ser i-based (interaction-based) e menos p-based (participation-based).

Essa discussão ganhou força agora com a busca por ferramentas digitais – plataformas interativas na Internet – mais adequadas ao netweaving, quer dizer, para servir de instrumentos de articulação e animação de redes sociais (1).

Três hipóteses surgiram para explicar por que as plataformas interativas disponíveis que foram desenvolvidas para a gestão de redes sociais (ou até mesmo para serem, elas próprias, “redes sociais”) não são boas ferramentas de netweaving:

Em primeiro lugar porque seus desenvolvedores confundem midias sociais com redes sociais, tomam a ferramenta (digital) pela rede (social), quando redes sociais são pessoas (conectadas, interagindo), não ferramentas!

Em segundo lugar porque, sob o influxo da chamada Web 2.0, as plataformas disponíveis são baseadas na participação (p-based) e não na interação (i-based). Assim, não se regem pela lógica das redes mais distribuídas do que centralizadas, quer dizer, pela lógica da abundância (2), mas sim pelo regime da escassez (e ao aceitarem tal condicionamento, de ter que funcionar em condições de escassez quando já há abundância, reproduzem desnecessariamente escassez, rendendo-se a um tipo de "economia política" onde a política é um modo de regulação não-pluriárquico). Não é outro o motivo pelo qual ativam mecanismos de contagem de cliques, instituem votações e atribuições de preferências baseadas na soma aritmética, que significam regulações majoritárias da inimizade política. Ora, isso enseja a formação de oligarquias participativas que tentam organizar a auto-organização (como ocorre, por exemplo, na Wikipedia).

Em terceiro lugar - e como conseqüência do seu fundamento p-based - as plataformas de articulação e animação de redes sociais (que já se encaram, algumas delas pelo menos, como se fossem as próprias redes sociais), ainda estão voltadas para organizar conteúdos (encarando, inevitavelmente, o conhecimento como um objeto e não como uma relação social). Esse é um problema porquanto a gestão do conteúdo, do conhecimento-objeto, ao tentar traçar um caminho para os outros acessarem tal conteúdo, cava sulcos para fazer escorrer por eles as coisas que ainda virão (na e da interação), com isso repetindo passado e trancando o futuro (como fazem as burocracias sacerdotais do conhecimento, mais conhecidas pelo nome de escolas e não é por acaso que boa parte dessas plataformas tenha sido pensada por professores ou construída para atender a objetivos educacionais, entendidos como objetivos de ensinagem e não de aprendizagem). Mas para uma plataforma i-based - adequada ao propósito de servir de ferramenta para o netweaving - não se trataria de pavimentar uma estrada para os outros percorrerem e sim de possibilitar que cada um pudesse abrir seu próprio caminho (posto que redes são múltiplos caminhos).

Ademais, ao contrário do que acreditam os supostos especialistas em redes sociais na Internet, não é o conteúdo do que flui a variável fundamental para explicar a fenomenologia de uma rede e sim o modo-de-interagir e suas características, como a freqüência, as reverberações, os loopings, as configurações de fluxos que se constelam a cada instante, os espalhamentos e aglomeramentos (clustering), os enxameamentos (swarming) que irrompem, as curvas de distribuição das variações aleatórias introduzidas pela imitação (cloning) que produzem ordem emergente (a partir da interação), as contrações na extensão característica de caminho (crunch) dentro de cada cluster etc. Quando as pessoas que tomaram consciência das redes sociais a partir da Internet começarem a cogitar essas coisas, talvez consigam desenvolver uma ferramenta mais adequada ao netweaving de redes sociais (3).

Mas para compreender essas observações é necessário entender qual é, afinal, a diferença entre interação e participação. A questão é fundamental porque, de certo modo, entender isso é entender as redes.

INTERAÇÃO ≠ PARTICIPAÇÃO

A palavra participação designa uma noção construída por fora da interação. Participar é se tornar parte ou partícipe de algo que não foi reinventado no instante mesmo em que uma configuração coletiva de interações se estabeleceu, mas algo que foi (já estava) dado ex ante. Como se a gente sempre participasse de algo “dos outros”. Não é por acaso que a expressão 'democracia participativa' é aplicada até hoje para designar diversas formas de arrebanhamento, inclusive uma variedade de experiências assembleísticas adversariais, onde a tônica é a luta, a disputa por maioria ou hegemonia e se pratica a política como “arte da guerra” lançando-se mão de modos de regulação de conflitos que geram artificialmente escassez (como a votação, o rodízio, a construção administrada de consenso e, inclusive, sob alguns aspectos, o sorteio).

Mas isso não significa exatamente, como pode parecer à primeira vista, que interagir, então, diga respeito somente à atuação em algo "nosso" enquanto participar diga respeito à atuação em algo "dos outros".

Não, não é bem assim, a menos que esse "nosso", aqui, não seja tomado num sentido proprietário (como eufemismo, para dizer "meu") em contraposição ao "dos outros" (“deles”). O "nosso" conformado na interação não se pré-estabelece, não conforma uma identidade identificável com um grupo determinado de agentes antes da interação, ao contrário do "nosso" (na lógica coletiva de um "eu" organizacional já construído) quando esse "nosso" foi instituído por um grupo que, ao fazê-lo, estabeleceu uma fronteira (dentro ≠ fora) independentemente da interação fortuita que já está acontecendo e que ainda virá. Neste caso, a organização será um congelamento de fluxos, uma cristalização de uma situação pretérita, um pedaço do passado cortado que se enxerta continuamente no presente para manter as configurações que, em algum momento, atribuíram a determinadas pessoas certos papéis que se quer reproduzir (essa é a história da liderança, ou melhor, da monoliderança, dos líderes que, tendo liderado algum dia, querem se prorrogar, eternizando uma constelação passada para continuar liderando).

Assim, se eu faço uma organização ou lanço um movimento e chamo uma pessoa para nela entrar ou a ele aderir, estou chamando-a à participação. Estou abrindo a (minha) fronteira para que o outro possa entrar. Numa rede (mais distribuída do que centralizada), as fronteiras são sempre mais membranas do que paredes opacas, não precisam ser abertas, não se estabelecem antes da interação e todos os que estão em-interação estão sempre "dentro" (aliás, estar "dentro", neste caso, é sinônimo de estar interagindo, mesmo que alguém só tenha começado ontem e os demais há anos). Estarão “dentro” também os que ainda virão, quando passarem a interagir, sem a necessidade de serem recrutados, provados, aprovados, admitidos e iniciados pelos que já estão.

A diferença parece sutil, mas é brutal no que diz respeito ao funcionamento orgânico. O participacionismo (que contaminou a chamada Web 2.0, como percebeu pioneiramente David de Ugarte) instituiu modos de regulação que produzem artificialmente escassez (e, portanto, centralizam a rede, gerando oligarquias participativas compostas pelos que mais participam, pelos que são mais votados ou preferidos de alguma forma – mais ouvidos, mais lidos, mais comentados, mais adicionados, mais seguidos –, os quais acabam adquirindo mais privilégios ou autorizações regulatórias do que os outros). Formam-se neste caso inner circles, instâncias mais estratégicas do que as demais (os outros clusters e as pessoas comuns, não-destacadas da “massa”), que passam, estas últimas, para efeitos práticos, a serem consideradas táticas (para os propósitos dos estrategistas, dos que possuem mais atribuições): e não é a toa que os membros do “círculo externo” freqüentemente são chamados de “público”, “usuários”, (meros) “participantes”, com permissões mais restritas e poderes regulatórios diminutivos (4).

Em um sistema baseado na interação, a regulação é pluriárquica, quer dizer, é sempre feita com base na lógica da abundância: ou seja, as definições dependem das iniciativas das pessoas que queiram tomá-las ou a elas queiram aderir, jamais impondo-se, o que pensam alguns, aos demais (por critérios de maioria ou preferência verificada). Assim, em um sistema baseado na interação, nunca se decide nada em nome do sistema (a organização em rede), ninguém fala por ele, ninguém pode representá-lo ou receber alguma delegação do coletivo (porque, na ausência de representação, esse “eu = ele” coletivo não pode expressar-se (por hipóstase) como um ser de vontade ou que seja capaz de acatar qualquer vontade, ainda que fosse a vontade de todos). E não há deliberação porque não há necessidade de deliberar nada por alguém ou contra alguém ou a favor de alguém (que tivesse que delegar ou alienar seu poder a outrem).

Tomemos como exemplo a Escola-de-Redes (E=R), que usa como ferramenta de netweaving a plataforma Ning. Conquanto a plataforma Ning não ajude tanto, pois que ela não é suficientemente i-based, nunca se fala em nome da escola (que é, na verdade, uma escola-não-escola), nunca se promove nada pela escola e nem mesmo o seu "criador" (na linguagem do Ning), pode empenhar, emprestar, parceirizar a sua marca para coisa alguma, ainda que fosse para propor um simpósio, uma conferência ou outra atividade totalmente dentro do escopo da rede (5). Em outras palavras, não há um ativo organizacional que possa ser apropriado (nem mesmo como patrimônio simbólico) por alguém em particular, porque as regras pluriárquicas (estabelecidas na constituição da rede E=R) não permitem.

Dessarte, não há um "nós" organizacional que estabeleça uma fronteira entre os "de dentro" e os "de fora". Todos que estão fora podem entrar. Todos os que estão dentro podem sair (e podem voltar a qualquer momento; e sair de novo, quantas vezes quiserem). Entrar não significa pertencimento a algum corpo separado do meio por fronteiras impermeáveis, nem adesão (ou profissão de fé) a algum codex e sair não significa discordância, “racha”, deserção, traição, divórcio ou qualquer tipo de ruptura. E quem é da Escola-de-Redes afinal? Ora, quem quiser nela se conectar e interagir, aqui-e-agora. Quem saiu não é mais, mas não porque tenha se desligado e sim porque não está interagindo. Quem não entrou não é ainda, mas não porque não tenha sido aprovado e aceito e sim porque, igualmente, não está interagindo.

A fonte – escreveu Goethe num insight heraclítico – só existe enquanto flui. Rede é fluição. Um nodo de uma rede só o é nisi quatenus interage.

É certo que, mesmo nas redes mais distribuídas do que centralizadas, a freqüência e outras características da interação, vão ensejando a formação de laços internos de confiança, de sorte que nem todos são iguais no que tange ao que correntemente se chama de liderança. Algumas pessoas podem ter oportunidades de serem mais avaliadas pelas outras e até de obterem uma adesão maior às suas iniciativas do que as outras, em virtude da sua interação, quer dizer, do seu modo-de-interagir e do seu, vá lá, histórico de interação (mas não de qualquer atribuição diferencial que tenham recebido de fora ou de cima ou mesmo em virtude da adoção de modos de regulação geradores de escassez que recompensem algum esforço de participação voltado a "ganhar" as demais pessoas, conquistando hegemonia ou maioria). Nas redes (mais distribuídas do que centralizadas) não se quer regular a inimizade política e sim deixar que a amizade política auto-regule o funcionamento do sistema. Não há um corpo docente, uma burocracia coordenadora e, nem mesmo, um time ou equipe de facilitadores (cuja formação seja baseada em critérios de mérito ou conhecimento, antiguidade, popularidade ou outra característica qualquer que não possa ser verificada e checada intermitentemente na interação).

Esse é o motivo pelo qual nas redes sociais (mais distribuídas do que centralizadas) não se deve (e enquanto elas forem mais distribuídas que centralizadas, não se pode) montar uma patota dirigente, coordenadora, facilitadora ou erigir uma igrejinha de mediadores. A construção de um “nós” organizacional infenso à interação ou protegido contra a imprevisibilidade da interação para manter sua identidade ou integridade (e, supostamente, para assegurar – como guardiães – que a organização não se desvie de seus propósitos, não viole seus princípios e não saia fora de seu escopo), ao gerar uma identidade compartilhada por alguns “mais iguais” que outros, centraliza a rede, deixando-a à mercê do participacionismo; quando não de coisa pior.

Sim, reconheçamos que é difícil não tentar organizar a auto-organização. E que é dificílimo não tentar reunir alguns para, como se diz, “colocar um pouco de ordem na casa”. Mas aqui vale aquela frase brilhante de Frank Herbert, uma pérola garimpada em “O Messias de Duna” (1969): “Não reunir é a derradeira ordenação”. Para quê re-unir o que já está unido = conectado (interagindo)? E se é assim, por que reunir apenas alguns para organizar mais, quando se pode ensejar a ordenação emergente de muitos mais?

A tentação de estabelecer uma fronteira opaca, o medo de se deixar abrigar (ou de se proteger do “mundo externo”, do outro – das outras organizações) apenas por uma membrana (permeável aos fluxos e, portanto, vulnerável à interação) assola constantemente as organizações, mesmo aquelas que querem transitar para um padrão de rede distribuída. Talvez isso ocorra em virtude de uma confusão entre interação e troca de conteúdo. Boa parte das pessoas que tratam do assunto, inclusive das que se dedicam a investigar ou experimentar redes sociais, confunde interação com troca de informação e gestão de conteúdo (sobretudo tomando por conteúdo conhecimento). Como imaginam, essas pessoas, – com certa razão – que o conhecimento seja cumulativo, querem bolar uma arquitetura da informação, urdir schemas classificatórios, desenhar árvores para mapear relações (que ainda não se efetivaram) e organizar os escaninhos para depositar o conhecimento que vai sendo construído coletivamente. Na falta de mecanismos de busca semântica, querem “colocar as coisas nos lugares certos” para facilitar a navegação dos demais. Mas ao fazerem isso, animados pela boa intenção de organizar o (acesso ao) conhecimento para os demais, acabam erigindo uma escola (como ocorre, de certo modo, com uma parte dos que adotam plataformas wikis e plataformas ditas educacionais), quer dizer, uma burocracia do ensinamento, inevitavelmente centralizada (6).

Bem, mas então pode-se perguntar: como mensurar a interação em uma rede a partir do que ocorre em uma plataforma virtual de netweaving? Antes de mais nada é preciso saber o que queremos e devemos medir em termos de interação.

Não se trata de saber se um nodo interage mais do que os outros (se fizéssemos isso decairíamos para um tipo de participacionismo ou de rankismo, típicos da Web 2.0) e sim de medir a “efervescência” do (no) sistema. Como ao medir a temperatura de um gás, não nos interessa saber qual molécula se “chocou” com o maior número de outras moléculas e sim o estado geral do sistema: se a temperatura subiu é porque a amplitude média do movimento vibratório das moléculas aumentou. Para avaliar isso, não adianta contar cliques, verificar o número de mensagens de blog, comentários, vídeos, fotos etc. postados por uma pessoa ou por todas as pessoas: é necessário captar a responsividade geral da rede ou de cada cluster no caso de uma rede extensa. Existem plataformas no Ning, por exemplo, com dezenas de milhares de pessoas conectadas, onde cada pessoa entra (em geral entra recorrentemente apenas 1% das pessoas conectadas, mas isso pode ser muito, dependendo, é óbvio, do número total de registrados na plataforma), publica um conteúdo qualquer, porém... a despeito de tudo isso, a interatividade é muito mais baixa do que em outras plataformas com um número de conectados (e de “tráfego” total) até 100 vezes menor.

A conversa sobre o tema é longa e ainda estamos tentando visualizar mecanismos que dêem conta do formigueiro e não das formigas: como se sabe, é o formigueiro que (se) reproduz (como padrão), não as formigas. Por isso a comparação com o formigueiro, que causa repugnância a alguns (que alegam que as formigas não têm consciência e não podem fazer escolhas racionais) não é despropositada. A cientista Deborah Gordon (Stanford) descobriu que o formigueiro é i-based, ou seja, que além de nele não haver nada que se possa chamar de administração, a auto-organização é feita a partir da freqüência e de outras características da interação das formigas entre si e com o seu ecossistema e não de algum conteúdo que elas tenham trocado entre si (nem mesmo se tal conteúdo for uma substância química, como se supunha).


Notas e referências

(1) A lista é extensa: vai de plataformas desenhadas para servir de suporte para redes sociais (como Ning, Elgg, BuddyPress, Grouply, Grou.ps, Yuku, Meezoog, Spruz, Noosfero etc.) passando por ambientes compartilhados de programação (como Drupal), por sites de relacionamento (que se apresentam como se fossem, eles próprios, as redes sociais e não suas ferramentas (como Facebook, MySpace, Orkut), por ambientes para organização coletiva de projetos ou para elaboração e compartilhamento de conteúdos (como Google Docs, A.m.i.g.o.s, todas as wikis, como Confluence e as Wikimedias web), até plataformas educacionais (entendidas mais como plataformas de ensino, como Cube Tree e Edmodo entre dezenas de outras). Uma lista não-organizada de algumas plataformas mais ou menos interativas, levantada recentemente na Escola-de-Redes, incluiu cerca de três dezenas de plataformas. Em ordem alfabética: A.m.i.g.o.s, Boonex, BuddyPress, ColaboraCom (um exemplo de aplicação desenvolvida), Confluence (wiki, que pode ter plugins: como "Community Bubbles"), CubeTree, Drupal, Edmodo, Elgg, Facebook, Google Docs, Google Groups, Google Sites, Grou.ps, Grouply, Groupsite, Jabbster, Junto (em projeto), Kunigo, Linked In, Lovd By Less, Meezoog, MySpace, Ning, Noosfero, Orkut, People Movers, Posterous, ShoutEm, SocialGO, Spruz, Stoa (um exemplo de aplicação desenvolvida com Elgg + Wordpress), Sugarlabs, Wikimedia Brasil (outro desenvolvimento aplicado), Yuku.

(2) Cf. FRANCO, Augusto (2009): A lógica da abundância http://twitdoc.com/c/c7tars

(3) Os parágrafos transcritos aqui foram colhidos no texto FRANCO, Augusto (2010): Por que as plataformas digitais não são boas para redes sociais http://twitdoc.com/c/k3qqh8

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Otimizar o Uso da Água




Artigo de Roberto Naime


Dentro das empresas, no escopo de programas de gestão ambiental, é nítida a preocupação permanente com o uso de recursos hídricos. Ninguém vai deixar de usar a água, mas se busca otimizar ao máximo o uso da água, evitando desperdícios.

Temos bons exemplos disto. A fábrica da AMBEV em Cuiabá, segundo o Eng. Oséias Jobli dos Santos, gerente de meio ambiente, atinge níveis em torno de 3,76 litros de consumo de água para cada litro de produto produzido. Índices abaixo de 4 litros para cada litro produzido são considerados níveis de excelência a nível de mundo.

O grande problema é o uso público da água, onde existem deficiências de planejamento estatal, ausência de ações sistêmicas de educação ambiental e conscientização das populações e falta de mecanismos indutores de uma utilização mais racional e otimizada.

Em nível de universidades já existem boas respostas técnicas para a questão. Existem modelos ambientais descritivos, que juntamente com modelos biofísicos e estatísticas econômico ambientais, trazem respostas adequadas aos desafios atuais.

Transferir estes conhecimentos para o cotidiano do planejamento e execução públicos é o grande desafio.

Nos modelos ambientais biofísicos são incorporadas informações essenciais de clima, topografia, declividade dos terrenos, geologia (tipos de rocha) e solos (tipos e características dos solos), a disponibilidade de recursos hídricos, a interação com a malha viária, a subdivisão territorial e o uso e ocupação dos terrenos.

No bloco de estatísticas econômico ambientais, os níveis de informação considerados essenciais foram agrupados em três conjuntos de informações principais, constituídos através de: dados demográficos, dados econômicos e dados sobre o desgaste e danos ambientais.

Os trabalhos científicos apontam para o desenvolvimento de sistemas municipais de informações econômico-ambientais, estruturados a partir de bacias hidrográficas, como unidades coerentes para análise e intervenção.

As conclusões dos estudos acadêmicos, permitem afirmar que o emprego de métodos e recursos tecnológicos disponíveis em nosso meio, possibilitam estruturar sistemas municipais de informações econômico ambientais, que sejam acessíveis a usuários em geral e suficientemente precisos e acurados para orientar eficientemente um processo de tomada de decisão, voltado para a otimização do uso dos recursos ambientais em microbacias hidrográficas e sobre políticas locais de desenvolvimento econômico e ambiental.

Mas o desafio de tomar medidas que atuem no comportamento individual dos cidadãos e das famílias vão ser necessárias. Tal como a questão de resíduos sólidos (lixo) que tem sido exaustivamente trabalhada por nossas orientações de mestrado, a população não se inclina por aceitar onerações fiscais para procedimentos irregulares.

Mas devido as condições sócio econômicas e a alta carga tributária do país, a população enxerga com bons olhos medidas de desoneração fiscal que premiem comportamentos adequados.

No caso do lixo é muito simples de entender. Um recente mestrado que orientamos, pesquisando os municípios de Taquara, Três Coroas, Igrejinha e Parobé no RS demonstrou que a população gostaria de ter incentivos tributários para segregar os resíduos na fonte, em casa e contribuir para a coleta seletiva e envio dos materiais para reciclagem. (NAIME, R.; ROCHA, C. S. Utilização de instrumentos legais para induzir melhorias na gestão de resíduos sólidos urbanos. Gestão e Desenvolvimento (Novo Hamburgo), v. 4, p. 11-25, 2007).

Talvez seja este o caminho para otimizar o uso de recursos hídricos pela população.

Roberto Naime* é articulista do EcoDebate.
* Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS,

segunda-feira, 19 de abril de 2010

II CONGRESSO LUSÓFONO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL


II CONGRESSO LUSÓFONO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL


Praia, Ilha de Santiago, Cabo Verde


OBJETIVO Iniciar a construção de um vasto programa político em educação ambiental, envolvendo os territórios da lusofonia.METODOLOGIA Conferências, mesas-redondas, fóruns, grupos de trabalhos, oficinas, mini-cursos, reuniões e articulações, conforme a programação do evento.


PROGRAMAS DE ABERTURA:

Conferência de abertura

Fórum

Mesa-redonda Grupo de trabalho

Mostra de pôster

Reuniões e articulações

Oficinas

Mini-cursos


DATA: 28/06/10 a 02/07/10

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Acre é referência em certificação de florestas



Confira na página:

http://www.agencia.ac.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=12288&Itemid=26

Reitor da Universidade de Viçosa visita projetos de desenvolvimento sustentável do Acre

Durante seu último dia de visita ao estado do Acre, o reitor da Universidade Federal de Viçosa, Luiz Cláudio Costa, conheceu alguns dos projetos de desenvolvimento sustentável acreanos que contam com o apoio do Governo do Estado, como a fábrica de pisos e deck's de madeira manejada, a fábrica de preservativos, Natex, e a Pousada do Seringal Cachoeira. A primeira parada deste dia de visitas, no entanto, foi em Xapuri, onde o reitor fez questão de visitar a casa de Chico Mendes e de encontrar com o prefeito do município, Francisco Ubiracy.

Em Xapuri, reitor da UFV se reuniu

com secretário de Meio Ambiente

e prefeito da cidade

(Foto: Luciano Pontes/Secom)







Na companhia do secretário estadual de Meio Ambiente, Eufran Amaral, o reitor foi apresentado às iniciativas de reestruturação do município que pretendem aproveitar o potencial turístico e acadêmico da região. "Pensamos um desenvolvimento de base florestal, mas também com desenvolvimento de tecnologia, melhorando as práticas de manejo da floresta", explicou o prefeito Bira.
No Seringal Cachoeira, comitiva visita
unidade de conservação
(Foto: Luciano Pontes/Secom)2
"A Universidade de Viçosa já tem uma parceria estabelecida com a UFAC. E as universidades em geral já estão prontas para dialogar com outros saberes, com os saberes tradicionais da floresta. O Acre já está à frente nisso, e Xapuri é um local simbólico por ser o berço da florestania, o que é muito interessante", completou o reitor, Luiz Cláudio.
Ele ficou impressionado com o porte e a dinâmica das fábricas de tacos e de preservativos, como empreendimentos que conseguiram agregar valor aos produtos da floresta e, além disso, garantir que a comunidade que sempre viveu da floresta seja diretamente beneficiada.
Aumentar o valor da floresta preservada é um dos grandes objetivos da Política de Valorização do Ativo Ambiental e Florestal. E a grande descoberta do Acre, e o que faz deste estado diferente dos demais, é reconhecer que para ajudar a floresta é preciso melhorar a qualidade de vida das pessoas que moram dela. No caso da fábrica de tacos, grande parte da madeira é proveniente de planos de manejo comunitário, como é o caso do manejo realizado no Seringal Cachoeira, visitado pelo reitor com grande interesse.
A fábrica de preservativos multiplicou várias vezes o valor do trabalho dos seringueiros, o que já garantiu o retorno à atividade que já vinha sendo abandonada. Sem contar que as tecnologias e boas práticas trazidas pela fábrica, aumentando a qualidade do produto final e melhorando a estrutura da comunidade.
De volta a Rio Branco, o reitor Luiz Cláudio se reuniu com o governador Binho Marques, com quem conversou sobre a política ambiental consistente desenvolvida pelo Estado. "É algo que precisa ser replicado para o Brasil e para o mundo. O Acre é um grande exemplo e conhecer como essa política tem sido colocada em prática é importante para entender melhor como ela se desenvolve", disse o reitor.

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